Menos de 200 quilômetros separam Lima de Lunahuaná.
Curta distância que leva a um Peru cheio de contraste, social e geográfico.
Riqueza e pobreza lado a lado. Deserto e vale fértil.
O caminho começa pela rodovia Panamericana Sur. Estrada boa, bem pavimentada e sinalizada, que
conduz às praias ao sul de Lima. Em vários trechos, a rodovia costeia o oceano
Pacífico, de onde se avistam os muros de condomínios fechados, de alto padrão. No lado
oposto da via, casinhas simples dos moradores locais e infraestrutura precária.
Alguns quilômetros depois do badalado e fechado balneário Asia,
toma-se a direção de San Vicente de Cañete. É Sexta-feira Santa. Cañete está
movimentada pela procissão do Cristo crucificado, pela feira livre e pelos
carros que se dirigem à serra e passam dentro da cidade.
Placas indicam um desvio
para Lunahuaná, passando por uma localidade chamada Nuevo Imperial. Lugar árido, pouco povoado, parecido a cenário de
faroeste. As casinhas são muito pobres, muitas delas de palha e bambu. Serão
cerca de 40 quilômetros em estrada de chão, com alguns trechos asfaltados, até
nosso destino.
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Trajeto na localidade Nueva Imperial |
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Paisagem desértica antes de chegar ao vale |
Urbanos que são, meus filhos perguntam por que escolhemos
um lugar assim para passear. Explico que as cidades são diferentes, desiguais. Logo chegaremos a um lugar bonito, digo.
E chegamos. Poucos quilômetros depois, a cordilheira desértica se abre em um vale
verde, com plantações de milho, mandioca, maçã, melão, tangerina e uva –
utilizada, principalmente, na fabricação de pisco (destilado) e vinhos doces. A
estrada acompanha o curso do rio Cañete, cristalino e pedregoso. A região de
Cañete é importante produtora de frutas e
abastece vários mercados de Lima.
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Vale do rio Cañete |
Adultos nadam e crianças brincam no rio; outros fazem
canoagem. A propósito, canoagem é um dos atrativos de Lunahuaná, além de passeios a cavalo, de bicicleta e caiaque. Há
também as ruínas de Incahuasi (de 1428)
e vinícolas, da chamada Rota do Pisco.
Praça - O movimento na praça central de Lunahuaná é grande no feriado de Sexta-feira Santa. Ao redor da igreja matriz, uma espécie de quermesse, com dezenas de barraquinhas de comida, pipoca, doces, artesanato. Em um galpão, com bares pequenos, são preparados vários tipos de coquetel à base de pisco.
Sábado de Aleluia, seguimos em direção a Lima. Antes,
paramos à beira do rio Cañete para molhar os pés na água fria e comprar frutas em bancas de produtores locais. Aparece por ali a cantora e compositora peruana
Susana Baca. Susana fotografa o rio; alguns fãs a cercam. Fazem uma selfie com a conhecida e simpática artista.
Uma cena bem peruana para terminar o passeio.
Así es.
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Praça de Lunahuaná |
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Rio Cañete |
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Canoagem é opção de lazer |
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Carroça: cena comum na estrada pouco movimentada |
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