Dona Maritza Guevara vende tamales há 31 anos |
Uma voz alta e forte ecoa todas as manhãs de
sábado e domingo em San Isidro. É dona Maritza Guevara anunciando os seus
tamales. “TAMAAALEEES. TAMALES
CALIEEENTES. TAMALES CALIENTES DE CHANCHO Y DE POLLO” *. E das casas e
edifícios, saem os fregueses para comprar os tamales para o café da manhã ou
almoço domingueiro, como é consumido tradicionalmente no Peru.
O tamal é parecido com a pamonha, só que enrolado
em folha de bananeira. É feito à base de milho moído, com vários condimentos, e
recheado de carne de frango ou porco. É um prato bem popular no Peru e faz
parte do cardápio de todo restaurante de comida peruana. Geralmente é acompanhado de salada crioula (cebola, temperada com limão, coentro e pimentas
peruanas, os ajíes).
Os vendedores ambulantes de tamales, chamados tamaleros, são uma tradição em Lima
desde a época colonial. Vendedores de tamales, humitas (outro tipo de pamonha, doce ou salgada) e revolución caliente (rosquinhas de manteiga) cantavam, faziam versos e até mesmo dançavam para chamar a atenção para o seu quitute. A
chegada do vendedor era esperada, nas manhãs de domingo, pela freguesia que se
aglomerava a sua volta.
No Peru, o tamal é consumido tradicionalmente no café da manhã |
Pela dinâmica das cidades, nos dias de hoje, os
vendedores, que “gritavam ou cantavam” seus produtos nas ruas de Lima, já não atraem
grupo numeroso de fregueses e curiosos ao seu redor, como outrora. Dona Maritza
toca a campainha das casas dos fregueses fiéis; outros, como eu, abrem o portão,
compram os tamales e puxam conversa com a vendedora. Porteiros de prédios também saem
à rua para buscar os tamales encomendados pelos moradores.
Os tempos podem ter mudado, mas a voz alta e potente da vendedora, anunciando os saborosos tamales, ainda provoca alvoroço em casa. “Mãe, olha
lá os tamales. Você não vai comprar?”, diz um dos meus filhos. Meu outro filho imita
a vendedora e também grita pela casa: “TAMAAALES,
TAMALES CALIEEEENTES”. Sentimos falta quando a tamalera não passa no horário costumeiro. “O que será que aconteceu?
A senhora dos tamales ainda não passou?!”.
Temperos - Há 31 anos dona Maritza vende tamales. Aprendeu a receita ainda menina, com os pais, na cidade de Chincha, 200
km ao sul de Lima. O segredo de um bom tamal, conta ela, está nos temperos.
Bastante alho natural amassado, gergelim e amendoim tostados e ají amarillo (pimenta suave amarela,
típica do Peru). “Invisto nos ingredientes e, por isso, vendo cada tamal por 5
soles (R$ 4,30). Gergelim, amendoim e até mesmo o alho estão caros”, afirma.
“Há pessoas que não investem e até acrescentam nabo para fazer a massa render”.
Dona Maritza madruga para preparar os tamales e
trazê-los quentinhos a San Isidro, Miraflores e Magdalena. Vende cerca de 50 tamales a cada sábado e domingo. “Caminho toda a manhã, e antes do meio-dia já
não tem mais tamales. É um longo caminho, mas eu o vejo curto porque tenho anos
fazendo isso”, diz a tamalera, satisfeita
e sorridente.
A vendedora de tamales em rua de San Isidro |
* Tamales. tamales quentes. Tamales quentes de porco e de frango.
Nos achamos que o melhor tamal tradicional vem de chincha, como os tamales de dona maritza. Tem um sabor genuine e original os tamales de supermercado porque eles não tem conservantes o tamal é um prato tradicional muito conhecido no peru e nos recomendamos comer os tamales quentinhos no café da manha
ResponderExcluirCaro Eduardo Leon,
ResponderExcluirvocê tem toda razão. Os tamales de Chincha realmente são deliciosos. Comê-los quentinhos pela manhã é uma boa sugestão. Acrescentaria também uma ensaladita crioulla como acompanhamento.
Obrigada por acessar meu blog.