Cartaz da campanha para redução de ruído no trânsito |
O trânsito é
um dos problemas das grandes cidades. E em Lima, não é diferente. A região de
Lima cresceu muito nos últimos anos, atingindo os atuais 9 milhões de
habitantes. O investimento em ampliação viária, planejamento urbano e educação no
trânsito não acompanhou o aumento populacional. E uma das consequências do
crescimento desordenado da cidade foi o trânsito caótico, o que realmente chama
a atenção de quem vem à capital peruana.
São milhares de táxis (cerca de 120 mil), automóveis, vans de transporte coletivo (chamadas combis) e ônibus, todos disputando um lugar ao sol nas ruas congestionadas e mal sinalizadas. E mais, muito barulho de buzina, usada de forma quase instintiva pelos motoristas; carros fechando uns aos outros; livre conversão à esquerda na maioria dos cruzamentos; cobradores gritando, com o corpo fora dos veículos, seus itinerários. Aqui, em alguns trajetos há o chamado correteo – empresas concorrentes de transporte são autorizadas a fazer o mesmo percurso. Então, quem chega primeiro ao ponto de ônibus, leva o passageiro.
São milhares de táxis (cerca de 120 mil), automóveis, vans de transporte coletivo (chamadas combis) e ônibus, todos disputando um lugar ao sol nas ruas congestionadas e mal sinalizadas. E mais, muito barulho de buzina, usada de forma quase instintiva pelos motoristas; carros fechando uns aos outros; livre conversão à esquerda na maioria dos cruzamentos; cobradores gritando, com o corpo fora dos veículos, seus itinerários. Aqui, em alguns trajetos há o chamado correteo – empresas concorrentes de transporte são autorizadas a fazer o mesmo percurso. Então, quem chega primeiro ao ponto de ônibus, leva o passageiro.
Mal tinha chegado
à cidade, tive que enfrentar de perto o trânsito caótico. Lembro-me bem das
primeiras vezes que fui levar meus filhos ao colégio - escolhido quando ainda
estávamos em Bruxelas e não conhecíamos a dinâmica do trânsito limenho. A
escola ficava numa via lateral à rodovia Panamericana
Sur, a cerca de 10 quilômetros de
casa. Pelo Google Maps não era tão difícil chegar. Teoricamente usaria duas
grandes avenidas.
Mas não foi
tão simples assim. A regra era sair cedo de casa com as crianças, entre 7h10 e
7h15, ou seja, mais de uma hora antes de a aula começar. Três ou quatro minutos
de atraso na saída de casa, representaria ficar parado em um supercongestionamento
na avenida Javier Prado e chegar atrasado ao colégio - as aulas começavam às
8h30.
Passada a movimentada
avenida Javier Prado, era hora de entrar na Panamericana
Sur. O curto trecho na rodovia era
uma aventura. Umas cinco pistas de tráfego pesado, com caminhões, carretas –
todas do lado esquerdo da via, embora proibido – centenas de táxis, vans,
ônibus, motos, carrinhos de banana (triciclo motorizado, transportando não só
frutas, mas outras mercadorias). Se duvidar, tinha até gente querendo
atravessar a rodovia e carro dando ré.
Quase todos os
motoristas buzinando, fechando uns aos outros, ultrapassando pela esquerda e
direita. Sem falar dos caminhoneiros que não faziam a menor cerimônia em usar a
estrondosa buzina para os veículos pequenos (entre eles, eu) saírem da frente. Transposta
a duras penas a Panamericana Sur,
saíamos para a rua lateral à rodovia, até chegar ao colégio.
Hoje, dou
boas risadas quando me lembro dos meus primeiros dias dirigindo em Lima. Já me
acostumei. Felizmente, o trânsito está melhorando. Há uma série de projetos
para reformar e melhorar o transporte público, sinalização e vias, regularizar
os táxis e acabar com o correteo e as
buzinadas desnecessárias. Também mudei as crianças para colégio mais perto de
casa.
Apesar da bagunça,
vi poucos acidentes e discussões no trânsito de Lima. De maneira geral, os
motoristas são tolerantes, não insultam uns aos outros e até dão passagem quando
um motorista está na terceira pista da direita e quer fazer a conversão à
esquerda a poucos metros. Claro que o motorista vai ter que parar no meio da
pista, atrapalhar todo o trânsito da via, escutar mil buzinadas, mas isso são
outros quinhentos. É uma bagunça organizada, com “regras” particulares, que só
entende quem dirige aqui.